quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Chamado aos Estudantes das Universidades Privadas

Reunião nacional e estadual da ANEL dia 28 e 29 de agosto na UNIFESP - Metrô Santa Cruz

Nós estudantes de universidades privadas somos os que mais sentimos na pele a precarização e sucateamento do ensino superior no Brasil. A política do Governo Lula e dos governos estaduais como Serra e o PSDB mantém na sua lógica profunda de conservação do ensino superior privado em detrimento do ensino público, aumentando o lucro dos donos dessas universidades e prejudicando a qualidade de ensino. Os governos ao invés de abrirem vagas em universidades públicas e investir na sua infra estrutura, isentam os donos das particulares dos impostos com programas como o Pro Uni, causando a falsa impressão na população que há um número maior de pessoas frequentando um ensino superior de qualidade, quando estes estão ivariávelmente atendendo à lógica de mercado e, não obstante, produzindo a duras penas mão-de-obra barata. Vem daí a baixa qualidade do ensino expresso em professores mal qualificados e ínfimo investimento em infra estrutura, ligado ao fato de termos que pagar altíssimas mensalidades, fazendo com que os jovens trabalhadores que são a grande maioria nessas universidades, e também em sua grande maioria trabalham nos setores mais precários e mal pagos, sejam obrigados a passar por mil e um problemas na hora de conseguir paga-las. É raro alguém que termine seu curso sem passar por problemas ligados a dividas, juros, empréstimos e etc.., isso para não falar dos milhares que são obrigados a trancar o curso por problemas financeiros.

Nós da Fundação Santo André (FSA) estamos cada vez mais inseridos nessa mesma lógica anárquica das universidades privadas: aumento de mensalidades, perseguição aos inadimplentes e precarização do conhecimento.

Os tempos em que a FSA era uma instituição pública, e uma referencia de ensino superior da região, são coisas do passado. Apesar disso, nós estudantes conseguimos manter um importante legado dessa época, a nossa tradição de luta.

Por ter passado pela convulsionada época de lutas sociais que derrubou a ditadura militar, ainda mais imersa no seio do principal foco de luta operária contra a mesma, o grande ABC, a FSA adquiriu um traço que a difere da maioria das privadas que é a tradição de luta e organização do movimento estudantil. Ao contrario da maioria das privadas que nasceram e se desenvolveram durante os anos 90, época de total apatia e resignação social.

Nós da Fundação viemos de uma importante luta no ultimo período que foi a greve com ocupação de 2007, quando conseguimos barrar um aumento de mais de 100% nas mensalidades de alguns cursos, alem de conseguirmos derrubar um reitor que havia roubado alguns milhões dos nossos bolsos. Porem essa luta não foi capaz de subverter a lógica de poder dessa universidade, e hoje a burocracia acadêmica ligada aos poderosos da região continua aplicando os projetos de privatização para nossa universidade.

Após uma ofensiva com a demissão de dezenas de funcionários, a reitoria começa esse segundo semestre com mais um ataque brutal aos estudantes. Mais de mil nomes de estudantes inadimplentes enviados para a justiça!!! Não podemos aceitar esse ataque! Estudantes não podem ser processados judicialmente, isso fere diretamente a lógica pela qual a universidade deveria estar voltada, a livre produção de conhecimento a serviço da população, e não a de reprimir e perseguir o trabalhador que é incapaz de pagar uma mensalidade que na maioria dos cursos excede o valor do salário mínimo.

Processar judicialmente os estudantes é um ataque não somente aos mais de mil inadimplentes da FSA, mas também, um ataque direto ao ensino publico. Esse ataque está a serviço de conseguir cada vez mais limar os setores de trabalhadores incapazes de pagar as altas mensalidades, no intuito de enfraquecer os estudantes e abrir caminho para um ainda maior aumento das mensalidades.

Nossa luta somente será vitoriosa se conseguirmos extrapolar os muros de nossa Faculdade, e conseguirmos nos ligar aos milhares de estudantes que sofrem a mesma realidade nas diversas universidades privadas no País afora. Por isso viemos por meio deste fazer um chamado aos estudantes das privadas para que se unam a nós num projeto de luta contra a precarização e privatização do nosso ensino. Queremos discutir com cada estudante o programa defendido pela gestão Desafiando a Miséria do Possível do Diretório Acadêmico da Fundação, pois achamos que somente com um programa avançado é que nós estudantes seremos capazes de nos armar para um verdadeiro combate contra os capitalistas da educação e contra o governo federal.

Precisamos defender com unhas e dentes cada estudante que sofre com as altas mensalidades. Enquanto os banqueiros e industriais, após baterem recordes de lucro tem em 2008 com o estalo da crise econômica suas dividas anistiadas pelo governo, não pode ser que os jovens trabalhadores parem de estudar e sejam perseguidos por suas dividas. Exigimos a imediata ANISTIA DE TODAS AS DIVIDAS DOS INADIMPLENTES. Isso ligado a uma exigência de REDUÇÃO RADICAL das mensalidades e a criação de BOLSAS para todos que não podem pagar. Sabemos que cada reitoria irá esbravejar falando que irá falir com a diminuição das mensalidades. Frente a isso temos que exigir a imediata ABERTURA DOS LIVROS DE CONTABILIDADE, para podermos provar as falácias e desvios de verbas de cada burocracia. Porem temos que ter em mente que nossa luta só pode se dar no marco de nos unirmos a todos setores oprimidos da população que anseiam adentrar no ensino superior. Temos que saber que a única maneira para que de fato consigamos construir um ensino publico realmente democratizado, se da no marco da ESTATIZAÇAO de todas as universidades privadas, que os bilhões pagos para os capitalistas com a divida interna e externa, sejam imediatamente voltados para o ensino da maioria da população. Porem não queremos outras USPs, onde só entram os filhos das classes abastadas. Para que os trabalhadores possam estudar, precisamos exigir a EXTINÇÃO DO VESTIBULAR, que não passa de um filtro social responsável por impedir os jovens de escolas publicas de adentrarem.

Para tudo isso que nos propomos é fundamental que consigamos nos unificar sob a bandeira de uma coordenação de luta capaz de fortalecer a luta dos estudantes nacionalmente. Mais do que nunca a UNE se transformou em uma agência do governo, responsável somente por frear qualquer mobilização estudantil que questione o modelo de ensino do país. Nós do D.A. achamos que devemos participar da construção da ANEL (Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre), entidade fundada em 2009 no intuito de aglutinar os setores combativos do movimento estudantil.

Fazemos um chamado a cada estudante combativo para que venha conosco dar a luta por esse programa, em aliança com os estudantes combativos da UNESP, USP e Unicamp que protagonizaram uma importante luta no primeiro semestre em aliança a greve dos trabalhadores, na próxima reunião nacional e estadual da ANEL que acontecera dia 28 e 29 de agosto na UNIFESP - Metrô Santa Cruz


diretorio_fafil@yahoo.com.br

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